Com o avanço da Indústria 4.0, as empresas de transporte e logística precisam se mover em direção ao processo de Transformação Digital. É normal que haja um certo desconforto nas organizações com relação às mudanças, pois, de fato, é sim complexo iniciar o processo de implementação de ideias, tirar do papel e colocar em prática. Métodos e teorias podem muitas vezes não se converter em processos consistentes e duradouros.
Para entender quais passos devem ser dados para que a transformação realmente seja efetiva e permanente, continue lendo esse artigo.
O que é Transformação Digital?
Antes de qualquer coisa, é preciso ter clareza do que se trata exatamente este conceito. Transformação digital diz respeito ao maior investimento em tecnologia nas empresas, mas não se trata somente de introduzir tecnologias. O processo implica em uma mudança de mentalidade, no engajamento de toda a cadeia envolvida, desde líderes e colaboradores, até os processos e a cultura da companhia. É um movimento que recorre à tecnologia para automatizar, otimizar e integrar os processos, relacionando os fluxos de trabalho ao ambiente digital.
É imprescindível, porém, que se tenha o claro entendimento de que a tecnologia tem que ir além de automatizar coisas. Precisa melhorar a vida do ser humano, proporcionando melhores jornadas para o cliente final, mas também para o colaborador e a gestão da empresa, com impactos na experiência, na comodidade e na economia de tempo. Com essa perspectiva em mente, começamos compreender a tecnologia não apenas como um suporte, mas tendo um papel mais estratégico.
De que forma aplicar a Transformação Digital à logística?
Assim como em qualquer outro segmento, é necessário traçar um plano de ação que leve em consideração questões como modelo de gestão, liderança, foco e governança. Esse diagnóstico vai nortear as ações para a transformação digital, e essa implementação deve acontecer de forma gradual.
Como já se esperava, a transformação digital na logística impacta em vários processos e impulsiona as organizações em direção à chamada Logística 4.0: ultra conectada e que atende aos requisitos de velocidade, ganho de eficiência, redução de custos e disponibilidade de informações e dados.
Mas, na prática, como isso pode acontecer?
1. Controle dos processos: setores de vendas e estoque trocariam dados em tempo real a respeito do estoque disponível e da previsão de demanda. A partir daí, o setor de compras seria acionado (caso seja necessário fazer a reposição de alguns itens) e, por sua vez, repassaria as informações para os fornecedores. E o mais impressionante: a possibilidade de criar gatilhos para automatizar a criação e execução dessas rotinas.
Tendo esse nível de controle das etapas do processo, a chance de deixar ponta solta é muito menor, pois com o registro correto e atualizado das informações, é possível identificar qualquer discrepância no fluxo de trabalho, e dessa maneira o problema é rapidamente solucionado. Quanto mais depressa a falha for apontada, maiores serão as chances de identificar a origem e tomar a medida mais eficaz para repará-la.
2. Monitoramento de transporte: com os softwares integrados, é possível ir muito além do simples controle por GPS. As novas tecnologias permitem o rastreamento em tempo real do motorista, o tracking de cargas e a disponibilização de informações precisas e atualizadas para todas as pontas envolvidas, desde o gestor, até o cliente final – que agora pode perguntar para um robô via WhatsApp e em segundos obter uma resposta de por onde anda o produto ou a carga que ele aguarda, e quanto tempo até que ele receba.
3. Segurança gera confiança: aqui, o entendimento é simples e direto: com cada vez mais tecnologias sendo desenvolvidas em favor da proteção de dados, e com as etapas de cada processo sendo monitoradas como nunca antes se viu, a chance de perder informações, vazar dados sensíveis ou algum produto ou carga desaparecer, em qualquer fase do fluxo torna-se cada vez menor.
A confiabilidade percebida pelo cliente final é flagrante quando se tem processos seguros e bem estruturados, e quando a organização é transparente quanto as medidas tomadas nesse sentido. Isso acaba sendo fator decisivo na hora das negociações e na conquista de um novo contrato ou de uma nova compra.
4. Agilidade nos processos: palavra de ordem para uma logística de sucesso, a agilidade torna-se algo muito mais tangível. E o que possibilita com que isso aconteça é a tecnologia aplicada aos fluxos de trabalho, que ficam mais dinâmicos e otimizados. Com a rapidez na tomada de decisões – possibilitada pelo acesso cada vez mais fácil e imediato às informações –, o aumento da produtividade – com a execução de mais tarefas em menos tempo –, e a fluidez na condução das tratativas, o resultado se reflete até a ponta, ou seja, no atendimento aos clientes.
5. Aumento da competitividade: a transformação digital nas transportadoras proporciona mais eficiência aos processos e redução dos custos operacionais. Fato que, independentemente de qualquer coisa, já é um grande passo para aumentar a competitividade da empresa no mercado. Sem contar que quanto mais competitiva a sua empresa se torna, maiores são as chances de conquistar uma fatia maior do mercado e ampliar seu crescimento.
Panorama da Transformação Digital nas Transportadoras
Quando analisamos o cenário de investimento em tecnologia no Brasil, percebemos que há um abismo entre os diversos setores do mercado. Enquanto alguns estão em fase avançada no processo de transformação digital (como os setores Financeiro e o de Varejo de moda, por exemplo), outros ainda estão começando a entender como entrar nessa onda.
Para os gestores que conseguem enxergar uma oportunidade em qualquer situação, essa é a grande chance de sair na frente dos concorrentes, que podem ter um grau de maturidade digital menor ou sequer ter atentado para a necessidade de se investir mais em tecnologia e os benefícios que essa estratégia proporciona para o negócio.
Quando comparado a outros países, que já estão vivenciando a Indústria 4.0 por meio da adoção de ferramentas disruptivas e inovadoras, o setor de transporte e logística no Brasil ainda tem um grande caminho a percorrer até fazer parte, verdadeiramente, desta Quarta Revolução Industrial.
Fonte: Portal NTC&Logística