A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio irá crescer 9,37% neste ano em relação a 2020, mas que este ritmo não deve se repetir no próximo ano. Com as incertezas no cenário econômico, a expectativa é que em 2022 o crescimento seja em ritmo menor, entre 3% e 5% na comparação com este ano.
As projeções foram divulgadas no dia 09/12 pela entidade e contam com os cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Para o Valor Bruto da Produção (VBP), que mede o faturamento da atividade “dentro da porteira” na agricultura e na pecuária, a expectativa da CNA é que a elevação de receita também diminua de ritmo no ano que vem.
O VBP do setor agropecuário deve ser de R$ 1,25 trilhão em 2022, crescimento de 4,2% em relação a 2021. Segundo a CNA, culturas como café, milho e trigo devem ter produções maiores. Já a cana-de-açúcar, o café e o algodão devem ter elevação nos preços. Por outro lado, soja, carne bovina e arroz devem sofrer quedas no VBP no próximo ano.
Custo elevado
O custo de produção do setor agropecuário em 2022 deverá ser um dos mais altos da história por conta do cenário de aumento nos preços dos insumos. Segundo a CNA, a tendência é de manutenção de gastos elevados, até 100% maiores que na temporada passada, com fertilizantes e defensivos agrícolas para as culturas de soja e milho.
Favorecida pelo clima, a safra de grãos deverá ser recorde no ano que vem, com previsão de colheita de 289 milhões de toneladas, 14% a mais que neste ciclo. Mas, com os insumos nas alturas, a margem de lucro deverá ser achatada de maneira geral, prevê a CNA, mesmo com a elevação dos preços e a fartura na produção de algumas culturas.
A CNA chamou atenção para fatores que devem determinar o comportamento da safra 2021/22 e que precisam ser acompanhados com lupa, como a questão da logística, o abastecimento de insumos e o fenômeno climático La Niña, que já começa a preocupar produtores do Sul do país.
Exportações
As exportações também deverão ser impactados por fatores alheios à produção em 2022, de acordo com Lígia Dutra, diretora de Relações Internacionais da CNA.
A entidade prevê que a China deverá se manter como o principal parceiro comercial do Brasil para os produtos do agronegócio. A confederação vai intensificar projetos para ampliar mercados para o setor no mundo.Entre as iniciativas previstas para 2022, estão a abertura de um terceiro escritório no exterior, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e a retomada do programa AgroBrazil, que leva representações estrangeiras para conhecer as principais regiões produtoras no país.
De janeiro a novembro de 2021, as exportações do agronegócio brasileiro bateram recorde, atingindo o valor de US$ 110,7 bilhões, superando a marca inédita anterior que era referente a todo o ano de 2018, de US$ 101,2 bilhões. Na comparação com o mesmo período de 2020, o crescimento foi de 18,4%.
Fonte: Valor Econômico