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NA BATALHA DO E-COMMERCE, A LOGÍSTICA É A ARMA
A prevenção é desenvolver e fortalecer os próprios canais em 2021, e ter serviço logístico que possa competir com os marketplaces, para não terem que navegar em águas turbulentas em 2022.

Imagine um futuro em que todos tenham que comprar tudo de uma única empresa chamada Big Marketplace S/A. Neste cenário, a única diferenciação entre os produtos é o preço. Aqui não há marcas, nenhuma história por trás delas e não há emoções que inspirem. Todos os comércios eletrônicos são obrigados a pagar um imposto entre 20% e 40% ao Big Marketplace S/A por tudo o que for vendido.

Eles estão à mercê de mudanças de algoritmo que podem reduzir suas vendas de um dia para o outro. O marketplace usa isso como alavanca para forçar os comércios eletrônicos a pagarem por seus anúncios e a usarem seus serviços logísticos.

Este futuro ainda não chegou, mas está a caminho. Pode soar como distopia, mas para grandes marketplaces, esse é exatamente o futuro que suas estratégias são especificamente projetadas para criar – e está funcionando. Por trás de cada passo há um foco consistente – a logística.

Ela é a principal arma usada pelos marketplaces para obter domínio. Com custos de transporte mais baixos e tempos de envio mais rápidos, as taxas de conversão sobem, atraindo mais compradores e impulsionando as vendas. Isso também aumenta o número de vendedores, e o volume global transacionado na plataforma. Mais volume significa que a logística pode se tornar ainda mais eficiente. Isso cria um ciclo virtuoso que é uma grande vantagem competitiva e uma forte barreira de entrada.

Sabendo da importância da logística, os marketplaces começaram a investir bilhões de reais há cerca de quatro anos e 2021 não será diferente. O COVID-19 acelerou o crescimento do e-commerce, mas o que já vem acontecendo é a rápida mudança no setor logístico.

Como resultado, será possível ver várias tendências logísticas em 2021. Estas incluirão maior foco em tempos de envio (especialmente a entrega no dia seguinte), pressão ainda maior para reduzir custos de transporte, expansão dos serviços de atendimento e maior foco em PMEs.

Os investimentos serão contínuos e crescentes, ocorrendo de modo orgânico, além de vermos mais aquisições e consolidação de players logísticos. Em busca de melhoria competitiva a logística será verticalizada.

O comportamento irracional no setor também aumentará neste ano. Alguns players adotarão práticas de preços insustentáveis, baseadas em uma estratégia deficiente para tentar aumentar sua participação no mercado, e na inexperiência, além de inevitáveis erros de custeio.

Veremos também players experimentando (ou seguindo) estratégias logísticas agressivas e arriscadas. Devido ao maior foco nos PME’s, e especialmente nos pequenos, marketplaces e players logísticos (em busca de volume do mercado) lançarão serviços focados neste segmento, mas o farão com modelos insustentáveis. Serão velhos erros de novos participantes.

O grande vencedor em 2021 será o consumidor online. A corrida para conquistá-lo com uma melhor logística tornará a compra mais fácil, rápida, barata e mais segura. Semelhante à guerra dos aplicativos de transporte privado, veremos práticas insustentáveis no mercado, mas que beneficiarão compradores.

Na mitologia grega, as sereias seduziam marinheiros com suas belas canções para atraí-los para a morte. No cenário atual do e-commerce o feitiço é lançado por marketplaces sobre pequenos e médios comércios online. Ao invés de música, a atração vem na forma de preços e serviços logísticos agressivos, tudo em um esforço para fazê-los aumentar o volume com eles.

O alerta está aceso aos que concentrarem a maior parte de suas vendas nos marketplaces. O risco de vulnerabilidade é real em um futuro próximo. A prevenção é desenvolver e fortalecer os próprios canais em 2021, e ter serviço logístico que possa competir com os marketplaces, para não terem que navegar em águas turbulentas em 2022.

Na luta entre Davi e Golias, acreditamos que as PMEs dos comércios online são os Davis. Para evitar a distopia, o mercado precisará pensar estrategicamente sobre sua logística para fortalecer seus canais independentes, no afã de formar músculos que ajudem esses Davis a competirem.

 

Fonte: ABOL

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