Trabalhar a chamada logística 4.0, baseada na tecnologia para tornar processos mais ágeis e eficientes, sem aumentar custos e evitando problemas no processo, se tornou uma obrigação para as empresas se manterem competitivas nos dias atuais.
O movimento é natural, pois o consumidor, que já vinha se tornando bastante exigente nos últimos anos, depois do início da pandemia passou a valorizar ainda mais os prazos e a qualidade da entrega pelas empresas. O setor precisou se movimentar rapidamente e encontrar soluções para atender a demanda crescente.
Historicamente, a tecnologia sempre impactou os processos de trabalho dentro das empresas tanto quanto o dia a dia das pessoas. Mas, hoje, o investimento em inovação é vital para as organizações.
O que é a logística 4.0?
A logística 4.0 é a que utiliza a tecnologia nos processos de armazenamento, monitoramento, segurança, transporte, entre outros, para agilizá-los e torná-los mais eficientes, seja no seu funcionamento, seja em relação aos custos.
Entre as tecnologias que podem ser utilizadas para isso, é possível citar a inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), blockchain, automação, uso de drones e muitas outras. Cada uma pode contribuir com um processo diferente dentro da logística.
Com o apoio dessas tecnologias, as empresas conseguem atender novas demandas do mercado, assim como aprimorar seu contato com o cliente final, que sai mais satisfeito.
“A logística 4.0, hoje, é um diferencial necessário. Se você vai comprar algo e a entrega é daqui dois meses, muito provavelmente você deixa de adquirir esse item. Se falar que o frete é quase o valor do produto, você também não vai querer”, explica o sócio-líder de supply chain da KPMG, Cristiano Rios.
Os consumidores estão mais exigentes e criando cada vez mais expectativas que precisam ser cumpridas pelas empresas.
Características da logística 4.0
A logística 4.0 tem como principal objetivo obter a maior agilidade com o menor custo possível através de monitoramento, segurança e uma cadeia de suprimentos bem organizada. Três pilares são fundamentais para isso:
1. Responsividade logística “A primeira característica marcante do 4.0 é a responsividade logística. Hoje, contamos com monitoramento das entregas, gestão de tráfego e meteorologia em tempo real. Além disso, temos capacidade da revisão da roteirização e compartilhamento de carga nas operações e possibilidade de realizar entregas no mesmo dia da compra, por exemplo. Portanto, a logística precisa ser muito mais ágil”, aponta Cristiano Rios.
2. Visibilidade de ponta a ponta da supply chain Essa característica está relacionada principalmente ao rastreamento de suprimentos e produtos. Ou seja, até mesmo o consumidor final pode acompanhar o caminho do seu produto em tempo real, por exemplo, aumentando a confiabilidade e melhorando a experiência do cliente.
“Com essa migração expressiva para as operações de e-commerce, hoje é fundamental que você tenha essa visibilidade da cadeia de suprimentos, podendo fazer o acompanhamento de todo o processo”, afirma o sócio-líder de supply chain da KPMG.
3. Cadeia de suprimentos conectada A logística 4.0 também é capaz de contribuir com toda a cadeia de suprimentos, tornando todos os processos mais seguros e ágeis na medida que as informações podem ser passadas e verificadas a todo instante. “Aqui, estamos falando de fornecedores, parceiros, clientes, ecossistemas… Todos os envolvidos compartilhando informações em tempo real ao longo da cadeia”, diz Cristiano Rios.
Logística 4.0 na pandemia
O período de pandemia de Covid-19 mudou comportamentos, afetou economias e exigiu mais agilidade em todos os setores. Nisso, a logística 4.0 foi um divisor de águas.
Para o sócio-líder da KPMG, aquelas empresas que já utilizavam de sua característica para organizar o trabalho passaram pelo momento de maneira um pouco mais tranquila. Isso mostrou a força que as tecnologias têm para tornar o trabalho mais eficiente em qualquer negócio.
“A segunda onda realmente veio com um desafio muito grande para as empresas, e o consumidor tende, na minha visão, a intensificar o uso do canal online, que, por sua vez, exige uma logística 4.0”, afirma, completando que acredita que esse comportamento irá continuar, mesmo em um momento pós-pandemia.
Essa expectativa coloca a logística 4.0 como vital para todas as organizações. “A logística 4.0 passa a ser fundamental para garantir a sustentabilidade dos negócios. Aquelas empresas que não conseguirem se adaptar a isso acabam perdendo espaço no mercado, mesmo tendo um bom produto”, diz o profissional.
Para as grandes empresas implementar inovações tecnológicas é, na maioria das vezes, apenas uma questão de decisão e não de dinheiro. Já para os pequenos negócios, a tecnologia pode representar um investimento pesado. A saída nesses casos é buscar parcerias, em acordos B2B, para melhorar a logística de forma terceirizada.
Omnicanalidade exige a logística 4.0
Na opinião de Cristiano Rios, a logística 4.0 é mais do que importante para os negócios, é essencial para a sustentabilidade e o crescimento das empresas. Isso porque sem a responsividade e eficiência nas operações, as organizações terão dificuldade em atender o novo consumidor, perdendo espaço de mercado.
“É o momento de avaliar o nível de maturidade frente às melhores práticas de logística. Isso envolve analisar o nível de automação dos centros de distribuição e as eficiências das operações, entre outros pontos. Isso também precisa estar alinhado com a estratégia de omnicanalidade da empresa”, indica o profissional da KPMG.
Esse formato omnichannel também chegou para ficar e, por isso, as estratégias precisam estar sempre alinhadas com a logística. Oferecer diversos canais de atendimento e compra agrada o consumidor, mas é preciso que a logística atenda essa demanda, evitando a frustração do cliente.
Por isso, ao migrar para o modelo, é preciso revisar o sistema de logística também. “Isso é muito importante, pois só assim a logística conseguirá atender a demanda e ser organizada. As empresas devem se atentar a isso. Na verdade, as que não pensam na logística 4.0 já estão até atrasadas, com altos riscos de ruptura na operação de renda”, afirma Cristiano Rios.
Fonte: ABOL