O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira, 24, que os deputados vão priorizar apenas projetos relacionados ao combate à pandemia do novo coronavírus e que removam obstáculos “políticos, legais e regulatórios” para a acelerar a compra de vacinas nas próximas duas semanas.
Lira disse que esse “esforço concentrado” é o melhor remédio político que a Casa poderá aplicar em um momento de angústia do povo. Hoje, o País atingiu a marca de 300 mil mortes relacionadas à covid-19. Ele descartou a abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) ou “lockdowns parlamentares”, e disse que “não é hora de tensionamentos”.
“Alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou pauta é mais prioritário”, disse.
Lira disse que priorizar projetos de combate à pandemia é o melhor remédio político possível que a Casa poderá aplicar neste momento. Segundo ele, será um “freio de arrumação” até que todas as medidas necessárias sejam adotadas. Para ele, é hora de deixar de lado “diferenças ideológicas”.
“Falo de adotarmos uma espécie de esforço concentrado para a pandemia, durante duas semanas, em que os demais temas da pauta legislativa sofreriam uma pausa para dar lugar ao único que importa: como salvar vidas, como obter vacinas, quais os obstáculos políticos, legais e regulatórios precisam ser retirados para que nosso povo possa obter a maior quantidade de vacinas, no menor prazo de tempo possível”, acrescentou.
Lira fez as declarações depois de uma reunião, durante a manhã, com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e governadores aliados, numa tentativa de união em torno do combate à pandemia.
“Como presidente da Câmara dos Deputados, quero deixar claro que não ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real fosse apenas algo que existisse no noticiário”, disse.
Sem ‘fulanizar’
Sem citar o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Lira disse que o País precisa ter boas relações com a China, de quem depende de insumos para fabricar imunizantes. Também disse que os esforços do País na área ambiental precisam ser reconhecidos pelos Estados Unidos e pelo mundo. Ele tampouco citou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Lira evitou fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que defende medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19, e aos governadores, que têm adotado medidas de isolamento social e toque de recolher para conter a pandemia.
“Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente e inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais, que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram”, afirmou.
“Vivemos nestes dias o pior do pior, as horas mais dolorosas da maior desgraça humanitária que se abateu sobre nosso povo. E quero dizer a todos que estou sensível ao desespero dos brasileiros e à angústia de Vossas Excelências, que nada mais fazem do que traduzir o terror que testemunham em suas bases, em suas comunidades.”
Lira disse que não queria “fulanizar” a crise. “Também não é justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal ou no presidente. Precisamos, primeiro, de forma bem intencionada e de alma leve, abrir nossos corações e buscar a união de todos, tentar que o coletivo se imponha sobre os indivíduos”, afirmou.
“É nesse esforço solidário e genuíno que estarei engajado, junto com os demais poderes. Mas será preciso que essa capacidade de ouvir tenha como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser praticado por todos, esse esforço não produzirá os resultados necessários.”
Lira disse que o sistema de saúde é tripartite e depende de esforço da União, Estados e municípios, evitando criticar autoridades. “Como sabemos, o sistema de saúde é tripartite. Mas, também sabemos, a política é cruel e a busca por culpados – sobretudo em momentos de desolação coletiva – é um terreno fértil para a produção de linchamentos. Por isso mesmo, todos têm de estar mais alertas do que nunca, pois a dramaticidade do momento exige”, afirmou.
“A razão não está de um lado só, com certeza. Os erros não estão de um lado só, sem dúvida. Mas, acima de tudo, os que têm mais responsabilidade tem maior obrigação de errar menos, de se corrigir mais rapidamente e de acertar cada vez mais. É isso ou o colapso.”
Fonte: NTC&Logística